A escassez de imóveis novos no mercado levou à ampliação do  limite da faixa de renda familiar para a compra de unidades usadas com recursos  do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que passou de R$ 3,9 mil para  R$ 4,9 mil. A informação, divulgada pelo Ministério das Cidades, foi bem  recebida por representantes do mercado imobiliário e do setor da construção  civil em Minas Gerais, sobretudo os corretores de imóveis. Segundo dados do  Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), 95% das moradias negociadas  no Estado são usadas e ganharão mais velocidade nas vendas com as  alterações.
 Para o presidente do Creci, Paulo Tavares, além de gerar maior  velocidade nas vendas, a ampliação do limite de renda não deve inflacionar o  mercado, que estaria bem alicerçado, e será responsável por reflexos positivos  em toda a cadeia da construção civil, inclusive nas vendas de residências  novas.
 "Mesmo que inicialmente beneficie a procura por unidades  usadas, a medida governamental certamente influenciará a compra dos imóveis  novos, uma vez que será mais fácil comercializar a habitação antiga ou incluí-la  no negócio da moradia nova", avaliou Tavares. De acordo com ele, qualquer tipo  de ferramenta que dê mais facilidades ao comprador é bem-vinda e movimenta o  setor.
 Segundo o gerente Regional de Negócios da Caixa Econômica  Federal (CEF) em Minas Gerais, Marivaldo Araújo Ribeiro, o mercado não estaria  produzindo na velocidade da demanda, por isso a medida do governo.
 "O problema na alteração da regulamentação para alguns  representantes do setor é que FGTS é um fundo dos trabalhadores, sendo que a  idéia de usá-lo para a compra de habitações usadas que não produziram empregos  no cenário atual gera polêmica", afirmou.
  Déficit habitacional no país é de 8 mi  de unidades
Déficit - Na opinião de Ribeiro, os negócios com unidades usadas  só influenciam na movimentação financeira e não ajudam a solucionar o problema  do déficit habitacional, mas também não deixam de movimentar o mercado. No país,  a falta de moradias chega a cerca de 8 milhões de unidades, das quais  aproximadamente 700 mil no Estado.
 Além disso, com a ampliação da capacidade de compra de usados,  haveria uma tendência de valorização das unidades contempladas, podendo  inflacionar o mercado, de acordo com Ribeiro.
 No entando, conforme o gerente Regional da Caixa no Estado,  assim como o FGTS beneficia hoje a compra de moradias usadas, também apóia há  mais tempo a produção de novas habitações. No ano passado o governo ampliou o  limite de utilização de recursos do fundo, também para R$ 4,9 mil, para  financiamentos de unidades novas.
 A alteração na regulamentação vale para outras instituições  financeiras que trabalham com crédito habitacional com recursos do FGTS, como o  Banco do Brasil, Itaú e o Real, que deve iniciar as operações até o final do  mês.
 De acordo com a consultora da Câmara Brasileira da Indústria da  Construção no Conselho Curador do FGTS, Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves,  o Ministério das Cidades utilizará a alteração da regulamentação da Instrução  Normativa (IN) 41 como estratégia para ajustar o mercado. "Com a elevação do  limite da renda para recursos do FGTS na aquisição de imóveis usados, o segmento  ganha mais velocidade", disse.
 Porém, para ela a discussão em relação aos benefícios para os  usados também gira em torno do fato de se usar um fundo dos trabalhadores para  um fim que não gera empregos diretos nos canteiros de obras.
 Do montante de R$ 1,288 bilhão em financiamentos habitacionais  disponibilizados pela Caixa de janeiro a julho deste ano, os desembolsos a  partir do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), foram responsáveis  por R$ 535 milhões, enquanto o FGTS ficou com R$ 747 milhões. Em igual intervalo  de 2007, os volumes foram de cerca de R$ 300 milhões e R$ 520 milhões,  respectivamente
Diário do Comércio| caderno: Economia |5.9.8 - ALISSON J. SILVA