quarta-feira, 10 de setembro de 2008

No rastro do boom imobiliário

Até agosto, número de corretores de imóveis em Minas saltou 21,4%, em relação a 2007. Muitos deixaram a profissão de origem para entrar nesse mercado, agora aberto também às mulheres


A profissão de corretor de imóveis, que já foi vista como um bico ou alternativa para quem estava desempregado, ganhou força com o boom do mercado imobiliário. Graduados de diversos cursos deixaram a profissão e passaram a investir na venda de imóveis. De janeiro a agosto, Minas Gerais recebeu 827 profissionais no ramo, aumento de 21,43% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com 2006, a alta é de 175,66%, segundo levantamento do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Minas Gerais (Creci-MG).
O estado tem hoje quase 10 mil corretores de imóveis. Para se tornar corretor, é preciso ter o nível médio completo e fazer o curso de técnico em transações imobiliárias (TTI) ou o superior em gestão de negócios imobiliários. Atualmente, nos quadros das imobiliárias, é possível encontrar profissionais de áreas diversas: advogados, veterinários, engenheiros, arquitetos, fisioterapeutas e administradores de empresas. A maior parte é de trabalhadores autônomos, e o rendimento médio mensal fica entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. “Mas o valor varia muito, dependendo do preço do imóvel. Em uma única venda, o ganho pode ser superior a R$ 10 mil”, afirma Paulo Tavares, presidente em exercício do Creci-MG.


Jackson Romanelli/EM/D.A Press


Enfrentei preconceito na época. Os clientes chegavam e perguntavam sobre o corretor. Aí eu falava se servia a corretora
Vilma Roseira, corretora de imóveis

A profissão, que era predominantemente masculina, começa a atrair o público feminino. Em 1996, as mulheres representavam 8,3% do total de profissionais do estado. Hoje, somam 20,24%. Em algumas imobiliárias, elas são preferidas na hora da contratação. “Sempre opto por mulheres, com idade acima de 40 anos e certa independência financeira. Quando elas não são pressionadas a vender, os negócios fluem melhor”, afirma Luiz Antônio Rodrigues, diretor da Lar Imóveis. Quando a imobiliária foi aberta, há 28 anos, o quadro de profissionais era só de homens. “Há 10 anos comecei a inserir as mulheres no mercado e deu certo”, diz Rodrigues.

A comissão do corretor de imóveis gira em torno de 6% do valor de venda do bem e de 10% do preço de aluguel. “Estamos entregando cerca de 200 carteiras profissionais a cada dois meses. O mercado nunca esteve tão aquecido”, afirma Tavares. Mas, segundo ele, o perfil do profissional mudou. “O mercado não comporta mais o famoso mostrador de imóveis. É preciso ter conhecimento técnico de registro, escritura e impedimentos jurídicos. Além disso, é importante saber ouvir e traçar o perfil do cliente. As mulheres estão ganhando espaço na profissão por serem ricas em detalhes”, diz.

Vilma Roseira é corretora de imóveis há 20 anos. Quando começou na profissão, lembra, a maioria dos colegas era homem. “Enfrentei preconceito na época. Os clientes chegavam e perguntavam sobre o corretor. Aí eu falava se servia a corretora. A predominância ainda é de homem, mas o público feminino vem crescendo na profissão”, diz. Em sua experiência profissional, Vilma observou que a própria decisão de compra de imóveis costuma ser da mulher. “Ela decide em 90% dos casos. Até o homem solteiro costuma trazer a mãe, a namorada ou a irmã para opinar na hora de fechar. A mulher é mais detalhista e observa tudo, desde o apartamento até a segurança da redondeza”, afirma Vilma.
Geórgea Choucair - Jornal O Estado de Minas 09/09/2008 

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